Por José Paulo Grasso
A única coisa certa desde o início para a prefeitura é uma licitação pensada na administração passada, que já foi feita, e na qual a prefeitura está colocando um empréstimo de R$ 3,5 bilhões do FGTS para preparar a infraestrutura da área portuária para um projeto que ainda não foi apresentado. Não há como preparar uma infraestrutura sem projeto detalhado. Em que a especulação imobiliária que se prevê para o local irá influenciar para revitalizar a economia do Rio? Como vamos revitalizar os subúrbios para acabar com o epíteto de Cidade Partida?
Segundo estudo produzido pelo vereador Eliomar Coelho, o Pan só serviu para o aprofundamento da desigualdade social e urbana via transferência de recursos públicos (cerca de 80%) para o domínio do capital privado. Vamos permitir isto de novo?
O IPP já emitiu um laudo dizendo que não haverá problemas. Uma região que hoje tem apenas 20 mil moradores, dos quais poucos possuem carro, e que sofre sérios problemas de trânsito, terá sua população aumentada para 100 mil moradores de classe média e seus veículos, mais escritórios comerciais de luxo. Para bancar essa especulação, foi lançado um plano de vendas de Cepacs que irá permitir aos compradores construírem acima do gabarito até 50 andares. Imagine os lucros de alguns e o transtorno que isso ocasionará a esta região central da cidade, importante eixo rodoviário. No Edifício Avenida Central, que tem apenas 36 andares, se diz que concentra uma população flutuante de 1 milhão de pessoas. O negócio é tão absurdo por todos os ângulos que convém não mostrar.
Só o aumento anual de veículos, de mais de 40 mil/ano, levou o diretor do Detran a declarar que o Rio irá parar em curto prazo. Pesquisas apontam que o carioca perde em média uma hora e meia por dia em engarrafamentos. Imagine o que vai acontecer com a demolição do elevado por motivos estéticos e ao custo de mais de R$ 8 bilhões.
Esta especulação toda se dá em função das indústrias de petróleo, gás e plástico, petroquímica, cosmética, farmacêutica e naval, que não se locam no município do Rio, e sim nos arredores, e que em grande maioria ainda não saíram do papel. Segundo recente relatório da firma inglesa Richard Ellis, no Rio a taxa de vacância dos imóveis comerciais está em torno de 1,8%. E é usado como desculpa para que o secretário do Desenvolvimento Econômico Municipal afirme a importância desse descalabro. Nada contra a indústria da construção civil, só tenho a total certeza de que o que está sendo feito vai levar o Rio à bancarrota total, e os especuladores sabem disso. Só que eles vão embora para explorar outras áreas com o capital especulativo, e nós ficaremos aqui com o caos urbano.
Não é um absurdo? A sociedade precisa rapidamente acordar e se mobilizar.
Sem comentários:
Enviar um comentário