quinta-feira, 9 de junho de 2011

O Rio reinventado

Por José Paulo Grasso


Como é notório, o RJ terá nos próximos cinco anos uma oportunidade única de se reinventar. Nenhuma cidade do mundo teve uma chance como essa, e isso tem prazo de validade. Vivendo uma crise que já ultrapassou meio século de existência, com a consequente falência dos serviços públicos e privados, ela pode passar de “Cidade Partida” a “Cidade Maravilhosa”. Não é uma coisa simples, ainda mais quando a maior parte da população está anestesiada por décadas de promessas que não viram se tornar realidade e simplesmente se omite, resignada. Não há uma liderança que aponte uma solução clara, que consiga unir todos em prol de um futuro onde as pessoas se sintam inseridas com qualidade de vida.
Existem várias vertentes em andamento e falta o fio de ligação entre elas que produza a centelha que despertará a população para um pacto de crescimento socioeconômico, cultural e ambiental com resultados em curto prazo e ancorado em um desenvolvimento que acabe com o atual abismo entre as classes de forma duradoura.
Investimentos em mobilidade urbana estão finalmente acontecendo, para viabilizar a Copa e as Olimpíadas, a revitalização da área portuária tem tudo para acontecer, o pré-sal atrairá pesados investimentos a várias cidades, existe uma união entre os três poderes, o início das UPPs foi auspicioso e existe o “tolerância zero” para dar um choque de ordem num Rio onde a informalidade imperava.
O que está faltando? A sociedade acreditar. A fala do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, pedindo emprego digno para os trezentos mil inicialmente libertos da criminalidade e esta greve dos bombeiros, por aumento de salários, que já alcançou professores e policiais, liquidou com a tese de que o Rio vive um “ciclo virtuoso”. Não há no horizonte nem uma política pública de geração de emprego e renda e nem a definição de uma fonte de receita que permitirá não só aumentos salariais às diversas categorias, bem como obras de infraestrutura e investimentos em serviços sociais.
Os mandatários ainda não entenderam que só propaganda não modifica uma realidade com mais de cinco décadas de crise. É absurdamente necessário um Master Plan que norteie o desenvolvimento em curto, médio e longo prazos e que tenha uma âncora crível, demonstrando de forma clara que há um futuro e que todos serão inseridos nele com qualidade de vida.
É incrível que até agora a vocação natural do RJ, considerada a de maior potencial mundial, não tenha sido apontada como o objeto de uma transformação duradoura, como, aliás, aconteceu em todos os lugares aonde foi utilizada. Ela é a única atividade que pode unir toda a sociedade, porque só a indústria turística movimenta todas as parcelas da população, desde o mais humilde ao mais graduado, provocando aumento de arrecadação em curto prazo, gerando milhões de empregos dignos que, ao serem bem administrados, se eternizam e produzem efeitos como atrair toda uma indústria periférica à atividade; além de o setor de serviços internacional e todo o potencial da indústria criativa, atividade que em uma década poderá levar o Rio à vanguarda mundial em todos os sentidos.
O motivo de se gastar bilhões para receber a Copa e as Olimpíadas é o mesmo que alimentou todas as revitalizações portuárias em todo o mundo: preparar a cidade para o incremento de uma atividade turística de qualidade, cujo grande chamariz costuma ser o turismo de negócios, que atrai um visitante que costuma trazer acompanhante e que tem um gasto médio acima de quinhentos dólares. Se a cidade oferecer atrações interessantes estende sua permanência. No caso do Rio, que oferece milhares de alternativas em todas as áreas, chega a ser até covardia se for feita uma comparação com outros destinos.
Existe a possibilidade de desenvolvimento de todos os setores, como turismo médico, pedagógico, cultural, ecológico, geriátrico, especial, religioso, esportivo, radical, especial, agrícola, de incentivo, de aventura, romântico, infantil, lazer etc., sendo que todos esses segmentos faturam individualmente bilhões de dólares anualmente.
O que estamos esperando? O Rio tem solução, só não enxerga quem não quer.

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