domingo, 10 de julho de 2011

O Rio está na moda. O que faremos para perpetuar isso?

Por José Paulo Grasso


É irrefutável a vocação natural do Rio para o turismo, mas qual é a relação do setor com isso? O prefeito já declarou que “a rede hoteleira sentou no trono e está deitada em berço esplêndido feliz da vida com as tarifas que pode cobrar e com os poucos investimentos que precisa fazer".
O diretor executivo da Rio Negócios, Marcelo Haddad, teve que fazer uma “pesquisa real” para descobrir o número de quartos do Rio, já que nem esta simples informação estava disponível, porque o setor é uma caixa-preta. Qual é mesmo sua afinidade com a cidade? Em Barcelona, o turismo é seu principal pilar, responsável por mais de 50% da produção industrial, movimentando todos os mais diversos setores. Por que não há preocupação da Firjan com o desenvolvimento da atividade que, incrementada, levará o Rio à vanguarda mundial em curto prazo, aumentando a produção industrial de forma cristalina e beneficiando toda a sociedade?
Há um compromisso assinado com o Comitê Olímpico Internacional para aumentar o número atual de 26.558 quartos para 47 mil. O Rio cobra a maior tarifa média do Brasil, cerca de R$ 280, que é 8% maior do que a segunda colocada, São Paulo.
Incrível esta diferença, porque SP tomou do Rio um posto que sempre foi seu, maior receptor de congressos e convenções internacionais da América do Sul, e ainda detém cerca de 85% do mercado de feiras que são considerados os mais rentáveis. Como esse negócio é disputado mundialmente a tapa, por causa de seus números bilionários, da geração de empregos e, principalmente, por causa da qualidade de vida que a atividade desencadeia, chama a atenção como a prefeitura estranhamente está propondo que a meta seja alcançada.
Ao invés de desenvolver um potencial que é considerado de forma unânime como o maior, levando o Rio à dianteira mundial do setor em curto prazo e aumentando a arrecadação em bilhões de dólares, o que produzirá uma modernização de toda a infraestrutura física e de serviços para desenvolver a qualidade de vida, beneficiando a todos comprovadamente, ao incentivar uma revitalização socioeconômica, cultural e ambiental do RJ, resolveu conceder incentivos fiscais. Inexplicavelmente, sem um plano diretor que norteie seu futuro desenvolvimento dentro de uma estrutura arrasada por mais de meio século de incúria administrativa.
Sem especificar qual o critério adotado, foi criada uma lei de incentivo a hotéis que baixou os custos de construção em 20%, fora o financiamento do BNDES, a juros generosos. Como resultado, planeja-se construir nove hotéis, sendo que dois serão em Del Castilho. Será que isto está correto? Por que não se anunciam hotéis cinco estrelas, atual deficiência do RJ, e que demonstrariam a solidez dos objetivos de voltar a ser a “Cidade Maravilhosa”? Por que não há uma âncora que desencadeie uma atividade econômica tão importante como essa? Por que a Associação Comercial do RJ não questiona a condução deste setor de vital importância econômica?
A UniverCidade pesquisou e comprovou que o “carioca” não entende a real importância da atividade turística para a economia. As lideranças, se quiserem obter êxito em suas justas reivindicações, terão que acordar para o fato de que a única forma de revitalizar a economia para conseguir aumentos reais que deem dignidade e proporcionem qualidade de vida ao trabalhador, só poderão ser alcançadas com o desenvolvimento do turismo. A única atividade que movimenta todos os setores simultaneamente e que trará aumento da renda per capita para acabar com o abismo social que relegou ao Rio o epíteto de “cidade partida”.
O COI e a Fifa estão pressionando para obter uma série de vantagens para seus interesses, mas é possível reagir e negociar, como aconteceu em outros lugares. É necessário apresentar argumentos sólidos, o que não podemos é perder uma chance única de reinventar o RJ.
E você, que está sentindo na pele que a realidade “propagandeada” da cidade é completamente diferente da que vivencia, por que não sai desta inércia e se junta a nós? Acorda, Rio!

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