Por José Paulo Grasso
O plano de revitalização da cidade do Rio de Janeiro, orquestrado pela união dos governos federal, estadual e municipal e a iniciativa privada, como a Fundação Roberto Marinho, de olho na Copa de 2014 e a Olimpíada 2016, é uma falácia. Não existe um plano diretor com metas para cinco, dez, 15, 20 anos. A área portuária, por exemplo, com o seu projeto do Museu do Amanhã, caminha para se tornar uma nova Cidade da Música, o elefante branco herdado do desgoverno do senhor ex-prefeito Cesar Maia. Aquele espaço é uma área A.E.I.U., onde deveria ser colocado o motor da revitalização da cidade. Mais um museu, cujos propósitos sequer foram definidos (recentemente, o curador do futuro museu, senhor Luiz Alberto Oliveira, declarou não saber o que será exposto nele), não teria cabimento, considerando-se que o Grande Rio tem 106 museus, nos quais não há investimento e a visitação, pífia, não paga sequer a sua manutenção. Deveríamos usar como exemplo outras cidades do mundo que foram reinventadas com planejamento sério e metas específicas, como NYC, Barcelona, Cingapura, entre outras. Na zona portuária (área A.E.I.U.), um centro de convenções internacional serviria como motor desse processo de revitalização da economia de toda a cidade, deslocando esse projeto de museu para armazéns adjacentes (como pensado originalmente). Tendo em vista que a oportunidade de mudança para o Rio é única, a cidade pode se reinventar, é no mínimo suspeito não existir um master plan. A sociedade não participa das discussões, e os governantes e um grupo empresarial decidem tudo sem transparência alguma. E o que vemos é um estímulo não à revitalização da nossa economia, e sim à especulação imobiliária, tendo, no espaço de um ano, o preço de imóveis dobrado (recentemente, o especulador norte-americano Sam Zell vendeu uma fortuna em imóveis em áreas nobres do Rio).
Sabendo que a melhor forma de levar crescimento socioeconômico, cultural e ambiental para todo o Rio de Janeiro, como foi feito em outras cidades, é através de um plano diretor ancorado, no nosso caso, na vocação natural da cidade, o turismo - a maior indústria do mundo, que movimenta todos os setores da sociedade simultaneamente - e pedindo mais transparência do poder público e de seus aliados privados, escrevo esta carta.
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