segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Vamos esperar que essa classe política faça o nosso futuro? É de dar medo

Por José Paulo Grasso
A Rocinha foi ocupada e será a 19ª UPP. E agora? Qual é o planejamento em curto, médio e longo prazos para o Rio que será apresentado à sociedade? Afinal, a queda do tráfico tende a inibir uma milionária fonte de renda e empregos criminosa que influenciava a economia local. O secretário Beltrame avisou que só invadir e colocar policiamento não resolve, até porque nesta favela o faturamento anual beira R$ 100 milhões, metade disto comprometido com suborno envolvendo diversas polícias. Pesquisas informam que mesmo após 2 anos de ocupação e UPPs cerca de 30% dos jovens destas comunidades não trabalham e nem estudam, que as opções oferecidas se resumem a cursos de cabeleireiro e manicure, sendo que no Borel os moradores ainda não atravessam uma rua que separa esta comunidade da do Formiga para visitar um parente, porque as facções estão em guerra e continuam mandando.
Esta é a 3ª versão de ocupação das favelas pelo poder público, que, inicialmente, deram certo, mas se esgotaram exatamente porque não tiveram suporte de uma economia revitalizada.
A maioria dos políticos que está aí se elegeu graças ao clientelismo, ocupando o vácuo deixado pelo poder público. Beltrame insiste na importância de projetos sociais, que comprovadamente não revitalizam a economia, tornando clara a vontade política de perpetuar esses feudos e subornos, para que os partidos “supostamente” continuem assaltando os cofres públicos descaradamente, já que a mídia se omite e quem se insurge contra isso é censurado. O Rio não se resume a Zona Sul e alguns setores da Barra priorizados pela segurança pública, sendo que se a economia continuar inflando as cidades, principalmente as favelas, subúrbios e periferia com hordas de miseráveis, uma hora a coisa explode. E aí vamos continuar só observando ou vamos nos unir e mudar definitivamente esta situação?
O Rio, que ainda tem o 2º maior PIB do Brasil, cada vez mais iguala seus índices aos do coronelismo do Maranhão, que retrocede “democraticamente” há mais de 40 anos graças ao feudo que o administra. Só que o Rio sempre foi a vanguarda brasileira, cuja sociedade sempre se indignou reagindo e lutando, como no episódio do Cristo Redentor, quando todos os poderes eram contra, a população se insurgiu e hoje ele está aí de braços abertos abençoando a cidade, resultado da união de todos por este monumento. Acorda, Rio e vamos reagir!
Bilhões de reais estão sendo investidos em eventos mundiais preconizados para desenvolver a maior indústria do mundo, o Turismo, numa cidade que é apontada unanimemente como a que tem o maior potencial do planeta. Qual é o legado destes bilionários investimentos que obviamente terão que ser pagos, no pós-eventos, por toda a sociedade? Eis um detalhe para a cidade se unir e brigar por uma revitalização da economia que aponte um futuro digno e cheio de qualidade de vida em todos os sentidos.
É interessante lembrar que enquanto a Europa e EUA estão se desmanchando por causa dessa crise mundial causada pela ganância de lucros do sistema financeiro imobiliário, as ditas cidades turísticas continuam crescendo, enquanto que a grande maioria apresenta sérios problemas. Hoje a grande preocupação mundial é se os investimentos que são realizados darão retorno socioeconômico, porque a qualidade de vida está regredindo em lugares insuspeitos, como, por exemplo, na França. E aqui, qual será o retorno desses investimentos bilionários? Barcelona, para a Olimpíada, conseguiu fazer apenas cinco hotéis, mas quando se voltou para um turismo de negócios altamente especializado construiu mais de duzentos e, até hoje, entrega a cada ano mais de duas mil unidades hoteleiras, sendo que mais de 50% de sua produção industrial vai diretamente para o consumo de seus visitantes, que geram mais emprego e renda que toda a indústria instalada na Catalunha, além do que tudo isso foi alcançado em curto prazo.
O turista movimenta todos os setores da sociedade ao mesmo tempo, com turismo médico, pedagógico, religioso, geriátrico, especial, ecológico, radical etc., distribuindo renda e criando empregos de qualidade que uma vez bem administrados se eternizam com qualidade de vida que casualmente tem que ser aprimorada, porque não existe turismo se a cidade não for boa para o morador. Normalmente só alguns desses segmentos são explorados de cada vez, de acordo com especificidades das urbes, só que o Rio pode aproveitar todos simultaneamente e passar a faturar bilhões de dólares anualmente.
Foi anunciado com espalhafato que será deixado como legado Olímpico um centro de convenções no Canal do Mangue, o que é uma idiotice! A pessoa que coordenou esta bobagem já admitiu o erro, mas não publicamente. A cidade que se dane, não é? Evidentemente que não! Centros de Convenções Internacionais bem planejados mudam o cenário das cidades que os recebem radicalmente porque atraem multidões com altíssimo poder aquisitivo, que se alternam aos milhões durante o ano inteiro, proporcionando taxas de ocupação hoteleira acima de 80%, ao mesmo tempo em que movimentam todos os setores da economia.
Podemos aproveitar a revitalização da Área Portuária e instalar no Rio um conceito de turismo de negócios e laser que levará a cidade à vanguarda mundial de uma forma que jamais poderá ser igualada. Para isso será apresentado um planejamento de curto, médio e longo prazos que provocará uma corrida de investidores porque o futuro vislumbrado desenvolverá uma qualidade de vida única tanto para o morador quanto para o visitante. Estamos falando de milhões de novos empregos, aumento da arrecadação em bilhões de dólares, obras infraestruturais que dotarão a cidade de uma privilegiada mobilidade urbana, propiciando um planejamento urbano que atrairá fábricas, indústrias e o setor internacional de serviços, consolidando a atividade imobiliária de forma planejada, com saúde, educação, saneamento, transito etc., integrado ao desenvolvimento do interior do estado, acabando com as migrações ao mesmo tempo em que será desenvolvida uma conscientização cidadã que inserirá o cidadão neste futuro, transformando nossos melhores sonhos em realidade porque a economia será revitalizada de uma forma que se perpetuará.
Será que podemos nos dar ao luxo de desperdiçar a opção Turismo para continuarmos reféns deste feudalismo político que só nos faz regredir e conviver com a total falência dos serviços públicos e privados como os índices estão mostrando, já que a mídia, de uma forma geral e mancomunada com as elites políticas e empresariais, nos vende uma imagem “virtual”, totalmente descolada da realidade? Chegou a hora de a sociedade intervir.

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